5 de janeiro de 2012

Honra ao mérito

…..Depois de tanto tempo, era quase impossível de acreditar. Estava de volta a sua cidade, a algumas quadras de casa. Quando foi sequestrado, não imaginava que ficaria seis anos longe da família.
…..Acompanhou todo o caso pela mídia depois de fugir após três anos de cativeiro. Os responsáveis foram presos por homicídio e outros crimes. Ele trabalhou e conseguiu no mês passado sua sonhada plástica (eles tinham deformado seu rosto). Também compôs novas músicas e planejava que sua carreira decolaria.
…..Nunca ligou para sua casa, queria fazer uma enorme surpresa. Acompanhou as entrevistas dadas por seus familiares e conhecidos que sempre diziam que ele faria falta, que era um bom homem e nunca tinha feito mal a ninguém.
…..Mesmo assim, não esperava tamanha homenagem: um outdoor grandioso na entrada da cidade trazia a sua foto e uma mensagem: “Tivemos que perder você, para ganhar mais segurança. Descanse em paz, Milton”. Suas músicas antigas se tornaram versos proféticos de amor ao próximo e sua imagem representava um herói.
…..Depois do êxtase, emocionado, decidiu-se. Com uma corda na mão e um sorriso de quem percebe que está no auge, foi até a mais afastada mata, encontrou uma bela árvore, fez o nó que ataria as partes soltas de sua história, a medalha do heroísmo apertada no pescoço. Idolatravam o herói morto e eterno. A verdade não pode competir com a imaginação.

brincando de poeta honra ao mérito conto acle foto morro da antena imbituba renan osvaldo pacheco

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