19 de novembro de 2010

Infância Digital

     A professora pediu para a gente contar uma história engraçada da nossa infância (detalhe: tenho 13 anos), redigida em linguagem infantil. Vivida ou inventada tanto faz, desde que seja engraçada. Deixe-me começar então:

O Carro Chorão

     Sábado passado eu peguei a chave do carro do meu pai escondido. Eu queria brincar de dirigir. Meu pai não me deixava brincar de dirigir. Daí eu fui à noite abrir o carro. Só porque ele começou a chorar. Eu não sabia por que ele chorava. Achei que ele tava triste no dia. Daí no domingo eu tentei de novo. Só porque ele chorou de novo. Achei que no domingo ele tivesse mais calmo. Minha mãe disse que todo mundo descansa no domingo.
     Eu queria perguntar pro meu pai por que o carro chorava. Mas eu não podia. Ele ia descobrir meu plano. Daí um dia a gente tava saindo do supermercado e eu pedi pra abrir o carro. Meu pai me deu a chave. Só porque antes o carro deu dois gritinhos, como se fosse chorar porque eu ia abrir ele. Mas ele não chorou! Acho que ficou com vergonha de chorar na frente do meu pai. Eu tenho vergonha de chorar na frente do meu pai. Daí a noite eu tentei de novo e ele chorou de novo. Eu já tava achando que ele tava magoado comigo da vez que eu acertei ele com a bola e por isso tinha medo de mim. Daí na quarta, a gente ia pro futebol, eu peguei a chave do bolso do meu pai e fui correndo abrir o carro, e ele chorou na frente do meu pai. Eu perguntei por que ele chorava, e o meu pai disse que não era choro, é um tal de alarme pra pegar ladrão. Mas eu não sou ladrão. E falei pro carro à noite:
    
- Eu não sou ladrão, eu não vou te roubar, eu sou teu amigo, quero brincar contigo.
     Abri e ele chorou de novo.
     De manhã eu perguntei pro meu pai:
    
-Pai! O pai disse que o carro tem alarme pra pegar ladrão, mas por que o alarme tocou quando eu fui abrir o carro e com o pai ele não toca?
    
Meu pai disse que tinha que apertar um botão e me ensinou. Até que fim eu consegui brincar no carro, mexi nuns negócios que tinha lá e o carro desceu e bateu na parede da garagem. E o carro não chorou, mas eu chorei. Você pode até pensar que eu chorei pelo carro. Nada a vê. Eu chorei porque o meu pai me bateu um monte.

     Droga! A história tem uma falha: quando o alarme tocava a noite, quem o desligava? Nota zero. Mas também a professora bem que podia dar um tema mais fácil. Os meus videogames e brinquedos não me dão boas histórias. Então eu tento escrever imaginando a infância do tempo dos meus pais: uma casa com quintal, brincar de ré-de-pegar, andar de bicicleta, jogar futebol! Quem sabe eu consigo uma história legal na internet para tirar um 10 e mostrar para o meu pai. Então eu ganharei o novo videogame lançado semana passada nos Estados Unidos.

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